A acalasia é uma doença que acomete o esôfago prejudicando os movimentos que ele realiza para conduzir os alimentos até o estômago. É o resultado de uma doença que acomete os nervos que fazem a inervação dos músculos esofagianos.
Sempre que ingerimos algum alimento, seja ele líquido ou sólido, o esôfago realiza movimentos para conduzi-lo até o estômago. Eles são realizados por músculos que recebem estímulos de nervos nessa região. Quando essas inervações são destruídas por alguma causa ocorre o que chamamos de acalasia.
O indivíduo sente dificuldade para engolir alimentos líquidos e/ou sólidos, entre outros sintomas. Por isso, geralmente reduzem a sua alimentação, o que traz prejuízos para a nutrição do organismo e abala a saúde em geral. Assim, a acalasia precisa ser diagnosticada e tratada corretamente, e é sobre isso que falamos neste artigo. Continue lendo!
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Os alimentos são conduzidos pelo esôfago até o estômago por meio de movimentos peristálticos. As fibras musculares desse órgão em formato tubular recebem estímulos nervosos para se contraírem até o alimento chegar ao esfíncter esofágico inferior.
Este esfíncter funciona como uma espécie de válvula que relaxa para permitir que os alimentos passem e, em seguida, se contrai mais uma vez para impedir que eles retornem para o esôfago.
Quando essas movimentações sofrem algum tipo de prejuízo ocorre uma disfunção do esôfago, desencadeando o que chamamos de acalasia. Esse problema se caracteriza por essa perda de movimentos e falha no relaxamento do esfíncter, causando dificuldade para engolir e também levando a outros sintomas.
A acalasia é uma condição que pode acometer igualmente homens e mulheres e é mais comumente diagnosticada entre os 20 e 40 anos de idade. Com o tempo, caso não seja diagnosticada e tratada corretamente, poderá levar ao desenvolvimento do chamamos de megaesôfago.
Como a acalasia impede os movimentos peristálticos adequados e também atinge a porção inferior do esôfago, que se liga como estômago, o principal sintoma causado por essa doença é a disfagia, ou seja, o entalo, que é a sensação de que os alimentos não conseguem fazer o seu percurso até o estômago livremente, levando a sensação de ficarem “enganchados” em alguma parte do esôfago. Outros sintomas que também podem estar presentes são a regurgitação dos alimentos ingeridos, dor no peito em decorrência de espasmos da musculatura do esôfago e tosse provocada por micro aspirações, sobretudo quando os pacientes se deitam.
A recorrência de infecções das vias aéreas, a manifestação de problemas respiratórios e também a perda de peso contribuem para identificar essa condição. Nesse último caso, acontece porque o indivíduo passa a se alimentar de uma forma insuficiente por causa dessa dificuldade para engolir.
No Brasil, sobretudo nas regiões onde a doença de Chagas é encontrada, esta é a causa mais comum de acalasia. A infestação pelo Trypanossoma cruzi, agente causador da doença de Chagas, é a responsável pela destruição dos nervos do esôfago. No entanto, a doença também pode ser encontrada sem relação com doença de Chagas. Nestes casos chama-se de acalasia de origem idiopática, ou seja, que não se conhece a causa. Alguns estudos procuram relacioná-la com problemas imunológicos, infecções virais e até ser uma doença congênita, mas nada disso foi comprovado.
O médico especialista que faz o diagnóstico da acalasia é o gastroenterologista. Com base nos sintomas apresentados, o médico assistente levanta a hipótese de acalasia e solicita os exames complementares que irão confirmar o diagnóstico e afastar outras causas que podem se manifestar com sintomas semelhantes, como a doença do refluxo gastresofágico (DRGE) e o câncer de esôfago.
Os exames a serem solicitados para se chegar a este diagnóstico são uma endoscopia digestiva alta, para avaliar toda a parte interna do esôfago, descartando tumores e eventuais complicações da DRGE, seguido de uma radiografia contrastada do esôfago, que servirá não só para mostrar a dilatação típica que o esôfago muitas vezes encontrada nesta condição, como também até para classificar a doença em graus diferentes, e uma manometria esofágica, que é o exame considerado ideal para se dar o diagnóstico da doença, pois ele serve para avaliar a contratilidade da musculatura do esôfago como também para saber se o esfíncter inferior está relaxando após a deglutição. Por fim, deve ser solicitado também um exame de sangue para pesquisar se o paciente é portador da doença de Chagas.
A acalasia é uma condição que possui várias formas de tratamento. As duas mais comumente utilizadas são a abordagem cirúrgica por videolaparoscopia, que consiste em seccionar completamente o esfíncter inferior do esôfago, e a dilatação deste esfíncter com balão pneumático por via endoscópica. Ambos os procedimentos são muito eficazes e seguros, com uma ligeira superioridade para a abordagem cirúrgica. Além disso, existem outras opções terapêuticas menos utilizadas de forma rotineira porque não apresentam resultados tão bons quanto à cirurgia e a endoscopia, como é o caso do tratamento clínico com medicamentos que levem a um relaxamento da musculatura do esôfago e o uso de injeção de toxina botulínica diretamente na parede do esôfago. Mais recentemente surgiu um novo método que consiste na secção do esfíncter inferior do esôfago por via endoscópica, porem o método ainda não é feito pela maioria dos especialistas, o que torna esta modalidade terapêutica de difícil acesso e pouco utilizada. Por fim, naqueles casos muito avançados, com dilatação importante do esôfago e péssima qualidade de vida, o tratamento recomendado é a retirada do órgão (esofagectomia), que pode ser feita tanto por via aberta como por videocirurgia.
A melhor forma de tratar deve ser definida, portanto, pelo médico assistente de acordo com algumas condições, como o grau da doença, a idade do paciente e as condições clínicas gerais do mesmo.
É importante deixar claro que a acalasia é um problema que tende a se agravar com o passar do tempo, porque os nervos do órgão continuarão doentes e os benefícios conseguidos com o método terapêutico utilizado pode se deteriorar. Daí a importância de nos primeiros sintomas consultar um médico para realizar os exames adequados e dar início imediatamente ao tratamento.
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